sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

NOTÍCIAS DO PIAUÍ ESPECIALMENTE PARA O CORUJÃO!

Foi com imensa satisfação que recebemos o contato e o carinho do poeta e articulador cultural Elmar Carvalho, de Terezina. Iniciativas como essa, nos fazem ter a dimensão do quanto um movimento de cultura e arte pode integrar, dentro de nosso imenso e pluricultural país, toda a nossa gente.
Abaixo, seu email por nós recebido, seguido de um poema de sua autoria!
VALE A PENA CONFERIR!


"Caro João Luiz,
Inicialmente, agradeço pela sua resposta e boa-vontade. Aqui em Teresina, do meu conhecimento, temos três saraus mensais de poesia: o do Cineas, o Roda de Poesia e Tambores, coordenado pelo professor e poeta Elio Ferreira, e o o Ágora, coordenado pelo poeta João Carvalho, que também é médico. Embora sem muita assiduidade, até porque trabalho em cidade interiorana, já participei dos três. Sugeri ao diretor de Editoração e presidente do Conselho Editorial da Universidade Federal do Piauí a criação de um sarau. O diretor prometeu criar.
Abraço,
Elmar Carvalho"



O BÚZIO
Elmar Carvalho


o búzio

- pequeno castelo

ou gótica catedral -

sobre a mesa avança

envolto em ondas e vendaval



anda ondulante

onda cavalgante

onda ante onda



atraído pelo chamado

do mar avança

chamado que carrega

nas espirais e labirintos

de sua concha côncava



avança e

lança sobre mim

a tessitura exata

de sua arquitetura

abstrata e surreal



avança

unicórnio lendário

protuberante

rinoceronte bizarro

surfista extravagante

em forma de chapéu



lentamente

avança co-movido

pelo chamado das ondas

que em si encerra

em seu ventre vazio

onde o vento em voluteios

é a própria voz do mar



oh, búzio caprichoso

como as curvas e volutas

de um corpo de mulher...

2 comentários:

Anônimo disse...

OS POEMAS



Os poemas versam
sobre quase tudo
que lhes dão

quedam sobre si mesmos
no ôco da escuridão

Os poemas visam
a visão dos que versam
em verso e prosa


e que passarão!!!


Ernâni Getirana, poeta.

ernani_lima@ig.com.br

Anônimo disse...

DESPOEMA AO PIRAPORA


Alguém me disse que parasse de escrever poemas a ti, Pirapora,
E eu, atônito, espremido entre o riso e o espanto
Levei um século para perguntar-lhe: mas por quê?

Porque não se faz poema a moribundos.
A estes ou se tenta reviver
Ou quando não houver mais jeito, que assim seja.
Disse ela fuzilando-me com os olhos.

Perdido em meu deserto de poeta,
Palmilhando as esquinas enluaradas de outrora,
Passeando bem defronte dos canteiros da praça da matriz
Aquela frase caia-me como uma espada de Alá
Sobre minha cabeça que era só estupefação e desassossego.

Como não te fazer mais nenhum poema
Logo eu que te teci em rima e verso
E que, confesso, ainda lacrimejo quando me recordo de ti
Outrora exuberante, impávido, imponente monumento natural?
Logo eu que bebi de tua água sagrada e ali fui batizado em nome de Gaia!

Como não mais erguer o punho
E rabiscar, entre o suspiro e o lampejo,
Um verso largo, oceânico,
Ou mesmo um desses versos tolos
Que os adolescentes compõem e os espalham entre as estrelas,
Ao menos um verso simples
Que comportasse tua sereia
Teus ocasos ensangüentados de sol e de paixão?

Como não mais pegar do violão
E dedilhar o burburinho de tuas lavadeiras
Que riam,outrora, entre o coaxar de sapos
E o sibilar de libélulas
Todos igualmente livres, sabiamente harmônicos.


“Não comporás mais nenhum poema ao Pirapora...” A frase vinha-me agora em sonhos!
“A menos que vejas a alma desse lugar, não comporás mais nenhum poema!”
Que já foi paraíso e hoje é esquecimento
Tardio lugar onde a vida flutua
Trêmula e angustiadamente
Mas que não se entrega e teima em permanecer.

Está certo: por enquanto não comporei nenhum poema ao Pirapora
Porque agora o momento é de agir,
Porque agora o momento é de interferir
Para ajudar a vida a voltar a acontecer, plena e bela
Como a vida sempre quis ser.


Compreendo, agora, que o poema de que o Pirapora precisa
É o poema tecido por todos,
Não apenas pelas mãos solitárias do poeta.

Compreendo que é preciso compor um poema coletivo
Escrito nas águas, escrito no vento
Para ser espalhado aos quatro cantos.


Porque o Pirapora é nossos avós
O Pirapora sou eu-árvore e é você-rocha, o outro-água ... cotidianamente.

E, quem sabe, assim, no futuro
Quando todos formos só lembrança
(Ou nem mesmo mais isso)
Algum outro poeta, diante daquela beleza monumental,
Mirando do paredão um horizonte coalhado de quase saudade
Quem sabe, então, este poeta volte a compor um poema ao Pirapora,

Mas aí então, não haverá mais a necessidade
De separar o Pirapora da poesia
Só porque um dia fomos todos prepotentes demais....

(* Pirapora é um olho de água localizado em Pedro II-PI, a Terra da Opala).

Ernâni Getirana - poeta.

Expediente

Natália Parreiras [Redação, Edição, Assessoria de Imprensa, Parcerias e Co-produção do evento]
Educadora licenciada em Letras pela UFPE.
Tem três livros de poesia publicados e atualmente prepara o quarto e o quinto títulos.
Mais em: http://www.sonatainsone.blogspot.com/

Tatiane Rangel [Idealização e fundação do Blog]
Formada em Comunicação Social/Jornalismo pela PUC-Rio.
Mais em: http://www.sohamsoham.blogspot.com/

Contato

Entre em contato pelo endereço contato@corujaodapoesia.com

Licença para uso do conteúdo

Licença Creative Commons
A obra Blog Corujão da Poesia - Universo da Leitura de Blog Corujão da Poesia - - Universo da Leitura foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.
Com base na obra disponível em corujaodapoesiaedamusica.blogspot.com.