segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

"DESVIRTUAL PROVISÓRIO" - O NOVO LIVRO DE WELLINGTON DE MELO

SAIBA MAIS SOBRE O AUTOR:

“Crítico da vida por insistência

Professor por paciência,

Poeta por necessidade.”

Os versos acima, fragmentos do poema “Perfil”, de Wellington de Melo, nos dão uma idéia deste plurifacetado artista, que tem uma produção que envolve diferentes linguagens, inquieto por natureza. Nascido em Recife, criado na periferia, no bairro do Ibura, interessou-se desde jovem pela arte em suas mais diversas expressões. Sempre autodidata, na adolescência, enquanto trabalhava no comércio do centro do Recife para ajudar a família, devorava na Biblioteca do SESC os livros dos autores que mais tarde influenciariam fortemente sua ficção - García Márquez, Dostoiévski, Kafka, Sartre, Camus e Kundera.

Sua primeira expressão artística, no entanto, foi a pintura, chegando a participar nos anos 90 de diversas exposições coletivas com obras em óleo e acrílica. Hoje, limita-se – pelas contingências do dia-a-dia – a pintar um único quadro por ano, normalmente associado a uma de suas séries (Cheiro & Forma, Paisagem Urbana e A Máquina).

Em busca de novas formas de expressão, participou no final dos anos 90 de um projeto musical, o Serialnumber, juntamente com Juliana Emerenciano, Marcos Tadeu e Ênio (atual Mellotrons). Sobre o projeto, afirma: “As músicas que produzimos nesta época eram sempre conceituais. Acho que mais ou menos ali comecei a pensar cada obra como parte e um todo estético. Talvez tenha sido também o primeiro momento em que comecei a refletir sobre a Máquina”.

O conceito da “Máquina” efetivamente reapareceria na obra de Wellington de Melo mais tarde, mas desta vez através da literatura. Entre as leituras desta época que o influenciariam a delinear a “Máquina”, destacam-se Baudrillard, Adorno, Bachelard e Nietzsche. Também nesta época aproxima-se o artista das obras de Osman Lins, Cabral, Borges, Gullar, Rilke e Whitman – uma diversidade de nomes que o autor reconhece tê-lo influenciado literariamente - e conhece as poetisas Lucila Nogueira e Maria do Carmo Barreto Campello de Melo, que Wellington de Melo considera duas grandes mentoras na arte e na vida.

Sobre a “Máquina”, conceito que o próprio artista considera “em desenvolvimento contínuo provavelmente em eterna construção”, tece alguns comentários: “Não considero que a “Máquina” se contrapõe completamente ao homem, não são dicotômicos. Minha luta contra a ela não significa, ao contrário do que possa parecer, a defesa do homem. Sou pessimista quanto ao seu destino (do homem), mas tampouco chego ao niilismo. A “Máquina” nos faz menos humanos, nos afasta de nossa natureza. Mas quanto de nossa natureza humana também não nos faz monstros? Até que ponto a “Máquina” nos destrói ou anula o mal que somos?”

Embora escrevesse desde a adolescência – textos que segundo o autor não ousa trazer a público – só lançou seu primeiro livro em 2007, O diálogo das coisas (poemas), pela Editora Universitária. No mesmo ano organizou junto com Lucila Nogueira e traduziu ao espanhol o livro de poemas inéditos de Terêza Tenório, A musa roubada(CEPE), lançado na Bienal do Livro de Pernambuco. No começo de 2008 participou pela primeira vez do projeto Nós Pós e lançou seu site, que mantém sempre atualizado com sua produção literária – em estado de crisálida digital, enquanto aguarda voar com asas de papel, nas palavras do autor – e de artes visuais, além de hospedar seu programa de podcast, Poesi@.

Atualmente o escritor vem trabalhando em uma “ficção” – recusa-se a chamar o texto de romance e prefere uma denominação mais borgeana – chamada “Labirinto”, de características metafísicas e metalingüísticas. Pretende lançar ainda em 2008 seu segundo livro, Desvirtual provisório, cujo poema “Casa” recebeu menção honrosa no Prêmio Nacional Mendonça Júnior de Crônica e Poesia. Como um bom geminiano, Wellington também trabalha simultaneamente em vários livros, entre eles "Para ler no escuro", de poemas eróticos, "Cotidiando" e "A cidade", todos sem previsão de término.

André Cervinskis, escritor e ensaísta.





[Antes havia o poema]

antes do som
das bestas de silício
antes da chama
que se verte pela beleza do s@bado
antes da asa
acesa do tempo
que derrete
o desejo
h@ uma centelha
de vida que se eleva
sobre minha face
h@ um suplício de folhas mortas
& a seiva primordial
de que se compõe o sonho
h@ um fio de sangue
que escorre pela navalha fria
da noite das eras

antes de todo o caos
depois de toda a paz
em mim
havia o poema


Wellington de Melo

Expediente

Natália Parreiras [Redação, Edição, Assessoria de Imprensa, Parcerias e Co-produção do evento]
Educadora licenciada em Letras pela UFPE.
Tem três livros de poesia publicados e atualmente prepara o quarto e o quinto títulos.
Mais em: http://www.sonatainsone.blogspot.com/

Tatiane Rangel [Idealização e fundação do Blog]
Formada em Comunicação Social/Jornalismo pela PUC-Rio.
Mais em: http://www.sohamsoham.blogspot.com/

Contato

Entre em contato pelo endereço contato@corujaodapoesia.com

Licença para uso do conteúdo

Licença Creative Commons
A obra Blog Corujão da Poesia - Universo da Leitura de Blog Corujão da Poesia - - Universo da Leitura foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não-Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Brasil.
Com base na obra disponível em corujaodapoesiaedamusica.blogspot.com.